Dançar a vida não é apenas uma expressão...
Dançar a vida não é apenas uma expressão. Poderia ser apenas um modo poético de dizer que estamos sujeitos aos equilíbrios e desequilíbrios da existência, sejam os acontecimentos externos ou a tensão interna de nossas emoções e que devemos nos adaptar ao ritmo que toca ao nosso redor e no nosso interior. Mas para a Biodanza é um convite concreto. Dançar é dançar mesmo e a vida é ela própria, sua majestade A VIDA! Pode ser difícil de visualizar quando se tem em mente que a dança é algo que se aprende de fora, um padrão de movimentos estereotipados que se repete até que seja incorporado como natural. A dança pode ter se tornado isso, mas em sua origem é algo distinto.
Dança, danza, dance... palavras que se originaram do termo em sânscrito TANZ, que significa TENSÃO. O impulso da dança, a necessidade de dançar surgiu para expressar uma tensão do ser humano em sua relação com a natureza, com a comunidade e com seus deuses. Antes mesmo da palavra, a primeira forma com que aprendemos a nos relacionar foi a partir do movimento. A partir da dança o homem estabelecia uma relação ativa com o mundo ao seu redor e se desenvolvia incorporando novas habilidades. Assim o caçador dançava imitando a força e a flexibilidade do animal e se tornava mais forte e flexível; a comunidade dançava os movimentos e as forças da natureza imitando-os para captá-los e se tornava mais sábia sobre os ciclos naturais e mais apta a sobreviver.
Dançar é, portanto, a forma de incorporar e aprender sobre aquilo que ainda não se conhece. Como crianças que ao brincarem se desenvolvem e se preparam para o futuro, incorporando o rol de atitudes da vida adulta. O advento do tempo um dia nos força trocar as brincadeiras infantis pelas ditas responsabilidades da vida. Quando já temos incorporadas muitas habilidades é natural deixarmos a infância. Mas até onde você quer seguir aprendendo? A medida do seu horizonte existencial, dos seus desejos de desenvolver-se como ser humano, pode ser considerada por quanto você investe em tempo para dançar. Claro, numa dança que significa movimento pleno de sentido, essa te engrandece e te expande, como é a Biodanza. Se você sente que aprender é para a vida toda, nunca pare de dançar!
Dançar é aprender e apreender a vida. Se desenvolver na existência a partir do movimento é um caminho concreto. Dançar a vida não é apenas retórica, é real. Uma das necessidades mais prementes que temos é aprender a nos relacionar. Essa tecnologia, a dança, apesar de pré-histórica, é altamente eficaz, nossos amigos da caverna já nos deixaram a dica: dance e aprenda como se relacionar com o seu entorno, sejam as circunstâncias da vida, seus medos, o mundo desconhecido, sejam as outras pessoas, que são realmente mundos desconhecidos, seja a força de uma sociedade que às vezes parece demais contra os seus desejos, sejam seus deuses, suas emoções. Quando dançamos transformamos os ritmos ameaçadores ou não, da natureza ou biológicos, em ritmos voluntários e assim incorporamos (literalmente trazemos para o corpo) o seu poder em prol de nosso crescimento e de nossa evolução.
Referências: Dançar a vida – Roger Garaudy